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8 de janeiro de 2010

O auto-interesse em Avatar

Assisti a alguns dias atrás o filme AVATAR. Muitos já devem tê-lo assistido. No entanto, o que me surpreendeu foi o grande número de pessoas que analisaram o filme, tanto do ponto de vista técnico, ou seja, roteiro, fotografia, direção, trilha sonora; quanto do aspecto, vamos dizer, subjetivo da coisa, ou seja, sobre a verdade que o filme transmite, ou qual sua relação com o real comportamento humano.


Partindo desse aspecto do filme (o não técnico), vi um bom texto do cantor da banda Detonautas Roque Club, o Tico Santa Cruz. Para quem o leu também, notaram que o artista julga a película como uma obra prima. Segundo ele, o filme nos passa a verdade identidade do ser humano: egoísta e desprezível. Isso porque na história, os seres humanos querem uma grande riqueza material (uma pedra me parece) mas que estão no domínio de um povo não humanos, que são espiritualizados e de princípios coletivos. Os seres humanos, através de uma tecnologia superior, criam avatares, que nada mais são que criaturas semelhantes ao povo dono dessa riqueza. Através desses avatares, eles infiltram na comunidade do "povo diferente", tentando aprender sua cultura e língua, para a partir daí, tentarem convencê-los a abandonar suas casas. Caso contrário, os seres humanos iriam destruí-las a força para ficarem com aqueles pedras (riquezas).

O Tico (permita-me a intimidade), remete uma analogia da história do filme com o processo de colonização do "nosso mundo". Ele cita exemplos às colonizações realizadas na América Latina, e a recente realizada pelos Estados Unidos sobre a Ásia. Quase no final do texto, o cantor escreve no seu blog: "Saí de lá torcendo pelo fim do mundo e achando os humanos um bando de criaturas desprezíveis".

Bom caro Tico, mudarmos uma característica evolucionária como essa não vamos conseguir. Longe de ser um terrorista e levantar a bandeira da destruição das minorias, quero ressaltar que o causador principal do conflito do filme nada mais é que uma intrínseca característica da natureza humana: o auto-interesse. Teorizar sobre o problema e dizer que tal atitude do ser humano é errada, que precisamos mudar, que precisamos de uma revolução, ou chamar a raça humana de "bando de criaturas desprezíveis" não resolve em nada o problema. Identificar que o auto-interesse é fato nos seres humanos (mesmos nos mais evoluidos, ou mais inteligentes se quiserem) é fácil, e condenar essa atitude além de fácil é boba. Todos (quando digo todos me refiro a média - sempre haverá "um especial", que é diferente, mas nos basearmos na análise a partir dessas pessoas é errado, pois elas são minoria) apontamos para esse lado egoísta, de auto-interesse, sempre buscamos a maior fatia do bolo, isso é fato, querer mudar isso é impossível. Então o que faremos? Regulamentação, precisamos de "coisas" que regulamentem nossas atitudes, precisamos domesticar nossos auto-interesses.

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