Páginas

14 de maio de 2010

Debate

Sim eu sei, nunca mais escrevi, nunca mais dei o ar da graça aqui do blog. Peço desculpas se alguém esteve visitando o blog. Bom, a minha aparição por aqui foi motivada por um estímulo legal, diferente, mas legal. Se trata de uma resposta de um autor cujo artigo eu critiquei aqui no blog no dia 05/11/2009.

A crítica que escrevi está como título "Por favor, fujam disso!", e se tratava do texto do Flávio Alexandre Cavalcanti, que ele escreveu para o site Administradores.com com o título: "Pequenas empresas, grandes negócios: a fé e as performances profissionais".


Basicamente ele fala da fé das pessoas no desempenho de uma empresa. E argumentei contra isso. Eu me sinto muito honrado que ele tenha tido a disposição em replicar o que eu escrevi, discordando da maioria das coisas, e justificando. Quando eu escrevi isso eu não pensava em atingir ninguém, muito menos o próprio autor, o que me deixa lisongiado dele estar promovendo um debate.

Então o Profº Flávio Alexandre me mandou um e-mail argumentando sobre o que eu escrevi. A seguir transcrevo sua fala em vermelho, e escrevo logo abaixo em azul:

Caros Colegas, bom dia!


Ótimo que o assunto esteja sendo debatido, pelo Leandro e Rodolfo. Acho sadio e louvável tal comportamento. Assim proponho uma releitura ao Carlos. Mas antes questiono: estamos debatendo por melhorias em um idéia ou por vaidade. Dado que se for a segunda opção não perdamos nosso tempo. Não nenhum motivo para isso.


Partindo da premissa anterior: quando proponho o aspecto fé, demonstro claramente que isso NÃO SIGNIFICA religiosidade. Fé é acreditar de forma inabalável em algo. E essa é uma característica profissional que nós CEO de grandes empresas buscamos. Mas vamos por partes:


Você cita "sua baixa confiabilidade (seria zero?) de ser um curso científico." Desde quando Gestão é um processo científico? Tofler, Senge, Prahallad, Hammel... nenhum percebe como cientificista. Até mesmo porque Quando fazendo um BSC, um Planejamento Estratégico, um CRM, uma roteirização logística, uma contratação e outros processos, TODOS ENVOLVEM UMA DECISÃO FINAL que é baseado em FEELING (Qual ciência existe no Feeling?). Qual ciência exise em criar cenários futuros (SWOT)? Essas são ferramentas que dão subsídio para uma decisão pessoal, mas são apenas subsídios, importantes, mas subsídios. Por isso nossa ciência Social Aplicada, nenhuma máquina jamais a fará. Caso contráriemos conceitos subjetivos como fé teríamos uma ciência bruta não seriam necessárias pessoas apenas cálculos.


Você usou uma falácia mal estruturada quando propõe a contratação de um arquiteto pela sua Fé. Não citei isso, algo que me preocupa vindo de um aluno de mestrado. Mas vamos por uma luz sobre o problema meu amigo. Não escolho profissionais por sua fé, mas entendendo que alguém que crê na existência de algo maior, tem uma sensação de 'conforto' no seu processo profissional, pois busca algo além do mundano.


Novamente você 'interpreta mal' uma colocação "se a pessoa não tem religião ela será uma "desordeira-insubordinável"" Em momento algum do texto disse isso até mesmo pelo fato de Ser Ateu. Entretanto como cientísta preciso de princípios para acreditar em algo, explicações, dados... e muitos dos fiéis não! Algo que no meu caso, a frente de uma empresa de 6 mil funcionários, funciona de uma forma interessante. Afinal imagine ter que explicar estratégia empresarial para todos os funcionários da sua empresa? Algumas vezes eles devem usar o mesmo conceito de crer sem ver para continuar 'rolando a bola'. Imagine a demora na movimentação estratégica de uma empresa que 'explica tudo, para todos'.

Achei legal sua colocação "outra que eu não tenho um mínimo de conhecimento argumentativo para ir contra ou a favor nesse assunto; minha intenção é explicar que Administração de Empresas é um curso superior, logo é ensinado como científico, e logo sabemos que científico é uma série de conhecimentos que façam alguma coisa no mundo real (pense no remédio pra dor de cabeça que você toma, é científico porque traz resultados: elimina a dor)". mas me questiono as teorias de Mayo, as aplicações de Baldwining, As experiência de Scott ... onde todas demonstraram a força do efeito PLACEBO na gestão. Caro colegas, gestão não é matemática. O elemento Lúdico, Fantasioso e Invisível tem seu espaço. Atente para isso. Me explica uma coisa?

Só é ciência o que você pode provar? Kepler nunca provou seus experimentos. Einstein Idem. Socrates menos. Gallileu também não provou. Ou seja, estavam errados ? (Falacia).


Nesse momento seu texto me agrada... "Mediante isso, por que precisamos envolver assuntos não-científicos com Administração? Sempre é assim, por que não existe isso para um farmacêutico, ou um biomédico? Por que não tentam correlacionar a fé deles com a performance de seus trabalhos?" RESPONDENDO: Pq gestão é um processo aplicado a pessoas essas não são exatas. Risos!!! Pq assuntos não científicos (até então) como motivação, percepção, comprometimento, criatividade... não são variáveis matemáticas e são a única vantagem competitiva valorosa no mercado (Porter). Sobre os Farmaceuticos não correlacionarem, solicito que reveja o conceito de Saúde do PAIM (o mais aceito pela OMS). Quem envolve fé, religiosidade, 'axé'... Risos. O problema do ocidental Carlos é que nós fechamos em nossas ciências buscando o cientificismo... O menor índice de infecção hospitalar do mundo é na Medicina Chinesa, o menor índice de morte em pós operatório é com o uso da acumpuntura... Pq eliminamos 5000 anos de 'ciência' oriental pelo simples fato de não podermos explicar ainda? E o cientificismo deu asas a Darwin (comprovadamente equivocado), A PLUTÂO (planeta que virou lua, ao conceito de Tempos e movimento dos Gilbert... E nem por isso você hoje é escolhido por sua aptidão física (Taylor).



Sua Frase me intriga: "Acreditar de forma inabalável não resolve nada em situações difíceis de uma empresa" Tem certeza disso? Eu respeito, mas não concordo. Fale isso para os executivos que continuaram na Parmalat depois da crise. Se você não acredita de forma inabalável que pode pode melhorar o Ensino da Gestão o que está fazendo em um mestrado? É pelo Título? Acho sinceramente Carlos que isso falta as pessoas. Paixão... temos muitas pessoas que estão professores e poucas que são. Tem que acreditar de forma inabalável em algo maior para continuar no duro sacerdócio que é ser docente.


Você cita "é muito pior ir contra a lógica, qual o sentido de insistir em algo que foi logicamente diagnosticado que não terá sucesso? É essa o tipo de idéias que os administradores precisam ter? De serem irracionais, porém muito perseverantes?" PERGUNTO: Quem determina o que é lógico? O Comum? Quantos foram contra o 'comum' e estavam certos? Em momento nenhum de meu texto defendo a irracionalidade, outra má interpretação sua. Afinal ter fé não ser irracional, pois o conceito de Razão vem de reor, ou seja, determino, estabeleço, e portanto julgo, estimo. Ou seja tudo parte da interpretação das pessoas e não de um código matemático. Portanto um elemento não científico.


Lendo essa colocação: "E para fechar (para dar um ar "científico" no artigo), ele sugere uma opção". Caro Amigo, não busco dar ar científico a um texto de site. Para isso existem as revistas científicas que recebem meus artigos. Não busco 'cientifizar' nada. Proponho humildemente outros estudos.


Quando eu cito sobre analisar as atividades de empresas no último trimestre correlacionando com as religiões de seus proprietários. Proponho uma análise que você conhece e nasce na visão da Ètica protestante do Capitalismo.

Preciso falar mais alguma?


Na sua finalização senti um requinte: "O texto é muito prejudicial do começo ao fim," Prejudicial para quem? Abrir um debate é prejudicial para quem? Para quem quer padronizar seus alunos. E não é esse o caminho. Imagine quantos debates enfrentamos todos os dias em sala de aula?


Você questiona "qual correlação que ele quer encontrar nisso?" Alguma ou nenhuma, tanto faz. Proponho um debate.


"Ele acha que então os administradores necessariamente precisão de uma religião para exercer seu trabalho de forma eficaz? Que absurdo!" Não falei sobre isso, simplesmente comparei a visão que tenho sobre profissionais munidos de Fé e profissionais desprovidos da mesma. E mais uma vez você concluiu equivocadamente Risos!!!



"Onde você, caro leitor, encontra isso em disciplinas seriamente estudadas? Não existe, isso deve acabar, pelo bem do ensino do ADMINISTRAÇÃO, fico aqui o meu protesto CONTRA esse artigo." RESPONDENDO VOCÊ:


Hoje os cursos de gestão não trabalham. O conceito de SAUDE PESSOAL e de acordo com o a OMS o número de infartos em profissionais gestores cresce 3 VEZES mais rápido que em outras profissiões.


Os cursos de Administração não trabalham o equilíbrio emocional dos alunos e esse é um dos maiores problemas organizacionais modernos.

Os cursos de Administração não trabalham as subjetividades do mercado, bem como conceitos de poder, política...

Os cursos de Administração não trabalham o desenvolvivmento das criatividades dos profissionais, seja pela criação ou pela crítica. Vemos esse caso aqui, onde nada no seu site foi criado por você apenas criticado.

Os cursos de Administração não trabalham o fracasso com o discente (falado no ENANGRAD 2009).

Os calendários de provas não preparam os alunos para mudanças constantes e sem aviso do mercado.

As provas decorebas, não ensiam a pesquisar.

O cientificismo descaracteriza a relação pessoal que a base dos problemas, logo das soluções.

Os cursos não preparam o Discente para vida organizacional, pessoal e social... E por isso proponho a mudança.


Agora vamos a nossa história. Fico feliz das minhas opiniões te impactarem, seja de forma negativa ou positiva. Mas solicito que haja um mínimo de educação e polimento ao tratar de cientista para cientista. Frases como "isso é ridiculo" soam mal. Como desrespeitosas e seu intento não foi esse. Mas solicito que você reveja as colocações.


Me deixo 100% ao dispor para debates sobre quaisquer temas.


Abraços

Flávio Alexandre Cavalcante
 
Como vocês podem ver, são argumentos muito bem estruturados, sequencias e de relevância. Às vezes há um tom hostil, e não encaro isso como poblema, pois fui também hostil quando escrevi. O fato é que eu precisaria me preparar para analisar todas as questões que ele colocou, pois só tenho um mapa de conhecimento na minha mente, para aprofundar precisarei recorrer às fontes. Como eu escrevi em nov/2009, e só agora, em maio/2010, ele está levantando essas questões, me permito também de um tempo para essa tréplica. Assim que julgar ter pontos relevantes, concordando ou não com ele, eu posto meu texto aqui.
 
Por enquanto é isso, um abraço a quem leu e em especial ao Flávio Alexandre Cavalcanti por nos permitir um pouco do acesso ao seu conhecimento teórico e profissional.

Sem comentários:

Enviar um comentário