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7 de maio de 2012

História no ensino em Administração


Uma das primeiras disciplinas ministrada nos cursos de Administração é “Teoria Geral da Administração”, a famosa TGA, tão conhecida por nós administradores. Dias atrás, pensava e refletia sobre como é ensinado esse corpo teórico, tão importante à formação na área. E deparei-me com a seguinte questão: o conteúdo apresentado em sala de aula diz respeito ao ensino dos processos administrativos propriamente ditos, ou limitam-se, apenas, a exposição histórica do pensamento administrativo?
Estudam o darwianismo mas, e a evolução?

Essa questão surgiu a partir da leitura do artigo “Ensinando evolução: a história vem por último”; de acordo com o texto, em todos os materiais pesquisados pelo autor disponíveis para ensino médio e cursinhos pré-vestibulares no Brasil, dá-se ênfase quase total ao ensino da evolução no âmbito histórico, negligenciando (ou deixando para segundo plano) o ensino da ciência da evolução aos estudantes. Senão, vejamos: de acordo com o artigo, os livros sobre o tema iniciam falando sobre as concepções da evolução anteriores ao século XIX, depois aborda sobre Lamarck, em seguida discorre sobre a obra e vida de Darwin, para finalizar com alguns conceitos sobre neodarwinismo.

É fato que a história é fator determinante para os estudos das ciências, mas parar somente aí, é que reside a limitação do ensino em determinados temas. Segundo o autor, por que os livros de ecologia, por exemplo, não iniciam seus cursos falando da história de seus pensadores (Haeckel, Enton ou Odum)? Ao contrário, os tópicos já iniciam discutindo sobre habitat, nicho e fluxo energético. A ilustração é pertinente: na biologia, somente “evolução” é ensinada através da história. Para o autor, um plano de aula factível com o propósito real de ensinar a ciência da evolução seguiria os seguintes tópicos: 1) Genética básica: genes, alelos e reservatório gênico; 2) Mudanças Adaptativas: seleção; 3) Mudanças não adaptativas: deriva; 4) Especiação; 5) Homologias e Analogias; 6) História da biologia evolutiva (aqui sim caberia a história de Darwin, Lamarck...). Percebem a diferença entre uma concepção de ensino e outra? Mesmo sendo leigo, é visível que na segunda abordagem ensina-se, de fato, a ciência da evolução. Mas voltemos ao nosso “mundo”: e em administração? O ensino é histórico ou realmente aborda-se a ciência da administração aos iniciantes da área?

Minha opinião é que há, felizmente, um misto dos dois. No entanto, na minha experiência como aluno, afirmo que a perspectiva histórica do ensino frequentemente toma as rédeas da aula e, assim como na evolução, os discentes aprendem as teorias da administração inseridas apenas no seu contexto histórico. Apesar da cronologia e nomenclatura diferir entre manuais, as chamadas escolas da Administração obedecem basicamente às seguintes abordagens: Abordagem Clássica; Abordagem Humanista; Abordagem Neoclássica; Abordagem Estruturalista; Abordagem Comportamental; Abordagem Sistêmica; Abordagem Contingencial*; e abordagens pós contingencias.

Como analogia, estudamos o taylorismo ou os princípios da Administração Científica?

 São familiares as expressões dos tópicos acima para os administradores, mas, saber exatamente quais os processos administrativos enfatizados por cada escola, e mais, saber o ambiente social, política e econômico da época, os quais influenciam diretamente as práticas em administração de empresas naquele período, apesar de serem abordados no conteúdo do pensamento administrativo, talvez seja menos frequente no repertório de administradores. Discorrer sobre a história de Taylor, Fayol, Weber, entre outros, não é suficiente. Uma ação mais contributiva ao entendimento da ciência da administração é internalizar “como e porque” as escolas adotaram as práticas que emergiram nos processos empresariais. 

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